Àquele que não tem, de ver, olhos,
o pássaro de voo invisível
mostra qualquer direção em abrolhos,
pois
há de ver, por antecipação,
o que não se quer entender por depois.
Àquele que não tem, de ver, olhos,
o pássaro de voo invisível
mostra qualquer direção em abrolhos,
pois
há de ver, por antecipação,
o que não se quer entender por depois.
... Tão de repente,
o olhar se sente,
irreverente,
em corpo e mente,
e,
literalmente,
encanta a gente.
Invadiu-me, deveras, um sonho fugaz
Sonho eterno enquanto não jaz
Onire-o quem for capaz
Se o fizer em paz
Com jeito de poita
Tão-só gente afoita
Mergulha de toita
E se alguém se solta
Em água que ilude
Se vai e não volta
Em mui calmo açude
Lá no alto está bel montanha
Rodeada de abissos mortais
Nenhuma altura, da sua, ganha
Não vi gigantes a ela, iguais
Aqui embaixo, desce a vida
Tudo que sobe daqui, vai cair
Sobre passado de hora perdida
Onde presente devora porvir
Ontem foi só chuva e vento
Nem tudo ficou por um triz
Nada afetou o alimento
Que vem lá da horta feliz
Há alguns anos, li alguma coisa sobre a competição de mágicas entre um profeta e um mago. A mesma teve início e, durante bom tempo, se manteve equilibrada, até chegar o momento em que o profeta passou ter melhor desempenho na contenda e acabou por vencê-la.
Esse episódio me fez recordar minhas leituras sobre o tema do arquétipo. Comecei, deste modo, a ser invadido por um certo sentimento ou, por assim dizer, delírio inspirado, que me fez passar a supor que o mago e o profeta seriam a mesma pessoa, ou seja, o mago seria o arquétipo sombra do próprio profeta. Eles teriam até nomes parecidos. Ocorre que, naquela hora, resolvi deixar o assunto de lado. Porém hoje, tive vontade de trazê-lo de volta.
(Referências sobre a sombra e demais arquétipos: Carl Gustav Jung)
Certa vez, alguém me perguntou se a zebra é um cavalo branco com listras negras ou um cavalo negro com listas brancas. Achei a pergunta um tanto ou quanto inusitada. Por isto, de plano, respondi: "Na minha opinião, é uma cavalgadura listrada."
Neste momento, aquele alguém ficou sem graça e chateado, pois sua blusa apresentava listas também. Depois é que me dei conta disto. Que grande mico, eu paguei!
Dizem que sou solitário
Mas não é bem assim
Eu sou um ser solidário
Solidão precisa de mim
O dia passa
O barco chega
Noite é escassa
Nada aconchega
Manhã se nega, atrás do monte
A folha é seca, vida não tem
Manhã não vê seu horizonte
Está tão longe, em céu de além
O diálogo, em arte sensível
Com o mais criativo artista
Sublimando o gozo erotível
É um sonho de psicanalista
Com base em mais um contato com seres de outros orbes, trago aqui o caso de um ser extraterrestre que, por causa de uma pane ocorrida em sua nave, não teve outra alternativa senão fazer uma aterrisagem forçada dentro de um conhecido rio localizado em São Paulo.
Como eu estava perto da margem, resolvi ajudá-lo a sair daquela situação. Sem muito pensar, mergulhei nas turvas águas, conseguindo livrá-lo de sofrer um trágico afogamento.
Como típico carioca que sou, logo lhe perguntei: "Você está bem, tio"? Contudo, ele nada respondeu, demonstrando não entender minha linguagem.
Assim, pude compreender que estava diante de um ET, ou melhor, um "tio ET".
Uma pedra achei na praia
Onde a água invade rasa
E a levei à minha casa
Uma pedra grande e bela
Que com vidro se parece
Quem a vê jamais esquece
Está no chão do meu jardim
Onde flor esbanja cor
E exala todo olor
Mineral não sente nada
Mas quem sabe tem as vias
De ocultar minhas manias
O burro não é nada burro. Na verdade, burro é quem considera o burro burro.
Sigo agora por um céu
Nem de longe vejo o fim
Minha nave é bem cruel
O espaço está em mim
Como sonda, rompo o véu
Que separa o não do sim
Cosmo é minha babel
Eu em queda, ele sem fim